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A lenda sobre D. Pedro I em Paraibuna

Esta matéria foi escrita por João Rural na Revista Nascentes nº 12 Setembro de 2000

Acesse o site chaocaipira.org.br e pesquise sobre o tema, veja fotos e publicações anteriores, ou direto no link: 

http://www.chaocaipira.org.br/assets/publicacoes/xP1Xe9yN0AT7/cmqHqDzqHU2H.pdf

Muitas lendas existem sobre a presença de D. Pedro I em Paraibuna, assim como em muitas outras cidades. Contam alguns que D. Pedro encontrava-se com a Marquesa de Santos no prédio onde é a Câmara Municipal da cidade. Mas isso tudo é apenas lenda. Por outro lado Paraibuna tem uma história interessante com a própria Marquesa de Santos, que foi a amante de D. Pedro entre 1822 e 1829. Mas isso 40 anos depois da Proclamação da Independência, quando D. Pedro I já tinha morrido. Pode ter vindo das lendas. A D. Domitila de Castro e Melo, a Marquesa de Santos casou-se com Major Rafael Tobias Aguiar em 1833 que acabou tendo ligações com Paraibuna. Veio morar na cidade e chegou a ser presidente da Câmara Municipal em 1834.

Depois da morte de Tobias (faleceu em 1857) em 1861 corre processo no Fórum local uma devolução de uma fazenda comprada provavelmente por Rafael Tobias. Existem documentos assinados pela Marquesa de Santos como uma procuração datada de 13 de junho de 1861 para resolver problemas de terras, produção, construções e escravos entre “seu finado marido o Excelentíssimo Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar” e o Major Antônio Joaquim Ortiz.

Acervo do museu Histórico e Pedagógico de Dom Pedro e Dona Leopoldina

Acervo do museu Histórico e Pedagógico de Dom Pedro e Dona Leopoldina

 

No caminho de Nossa Senhora dos Remédios

Esta matéria foi escrita por João Rural na Revista Nascentes nº12 de Setembro de 2001. 

Leia e se delicie, e se for fazer o caminho até a Capela de Nossa senhora do Remédio você pode conferir o que ainda esta lá, e o que o tempo já levou, assim como o João Rural.

Acesse o site chaocaipira.org.br e pesquise sobre o tema, veja fotos de festas anteriores, ou direto no link:  http://www.chaocaipira.org.br/assets/publicacoes/xP1Xe9yN0AT7/DEYq2QDyjMod.pdf , para visualizar a matéria original;

O Caminho de Nossa Senhora do Remédio começa na Vila de Fátima, seguindo em direção a Fazenda Laranjeiras. Com apenas 1km, entra-se a esquerda, subindo um morro de pelo menos 2km. Quase no final, à direita, mora uma das filhas do Seu Aristides, que ainda faz a famosa farinha de mandioca.
Virando o morro no Km 4,5, chega-se no cruzamento com a estrada que vai pro Porto. Segue-se por ela, passando pelo Alambique do Jotinha. No km 10, chega-se ao cruzamento da Fazenda do Porto. Seguindo a estradinha no km 10,5 , está uma Santa Cruz. Aqui histórias verdadeiras se misturam com lendas. Dizem os antigos que neste local havia um cemitério de negros mortos nas fazendas da região, por isso a Santa Cruz. Há alguns anos, quando os novos proprietários foram arar terra no local, encontraram realmente várias ossadas. Resolveram parar tudo, colocar terra por cima e arrumar a Santa Cruz, em memória desses mortos do passado.

Mirante do Remédio

Mirante do Remédio

Seguindo no km 13, chega-se à Fazenda dos Silvinos , onde encontramos o Seu Vicente Lobato descarregando leite de sua tropa. No km 14, chega-se ao Sitio Velho, onde uma cachoeira é atração. À beira da estrada pode-se entrar e refrescar um pouco da viagem.

Seguindo, passamos pela Fazenda Pau D’Alho(parte antiga). No km 15, chega –se à casa do Seu Luiz Gomes Vieira, um mineiro sorridente, com 78 anos de idade e aina trabalhando na lida. Seu Luiz conta que chegou ao lugar em 1932, trazido para trabalhar numa lavoura de algodão do produtor Vitor Ardito que era de Pindamonhangaba. Conta que quem tomava conta desta fazenda na época era Seu Manoel Carvalho, que era dono da chácara do Bairro do Caracol.

Seu Luiz Lembra Muito bem das antigas festas do lugar. Na noite de 7 de setembro, o vale se enchia dos sons dos atabaques dos negros jongueiros que viravam a noite em volta da fogueira.

Seguindo, no km 16, passamos pelo local que era a sede da antiga Fazenda Pau D’Alho original. Local de muitas histórias estranhas, protagonizadas pelo seu antigo proprietário, o Major Soares.

Os restos da antiga fazenda, com paredes de taipa e pau-a-pique, ainda estão de pé. Seu atual proprietário Pedro Fonseca, de Salesópolis, está reformando a casa, que pretende conservar.

Estrada acima, pois a subida mais forte começa aqui. No km 17, passamos pela casa do Seu Vicente Lobato, onde vive com a família, faz pequenas lavouras e cria gado de leite. Sob um cocho de sal para o gado, guarda duas pedras do antigo moinho da Fazenda Pau D’Alho.

Voltamos à estrada, porque daqui pra frente a subida é das mais puxadas. Até o topo da Serra do Remédio são apenas mais 2 km, mas sobe-se de 800 metros de altitude, parar 1.100 no local da igrejinha. Até o Cruzeiro a altitude chega a 1.197 metros, sendo uma das maiores do município.

No km 18 , depois de pelo menos três horas de caminhada a parada é na casa do Seu Antonio Lobato, onde pode-se tomar uma água, descansar um pouco e rezar na capela do seu quintal. Ele diz que esta capela também é antiga, com uma cruz e objetos todos de madeira . Seu Antonio é um dos que tem muitas histórias do local, escutadas dos antigos, principalmente de “Tia Joana”, como eles chamavam a D. Joana Parente, uma negra, descendente de escravos que morava ali.

Seu Antonio ainda guarda como lembrança o antigo pilão de D. Joana. Feito de peroba, gasto pelo uso , deve ter mais de cem anos. Como autentico homem da roça, Antonio diz que nunca tomou remédio de farmácia. Está com diabetes, mas usa somente as plantas Pata de Vaca e até Insulina, que tem plantada no seu quintal.

Altar Nossa Senhora dos Remédios

        Altar Nossa Senhora dos Remédios

Morro acima, e mais 1km chega-se finalmente à Capela do Remédio. Mais 500 metros a conquista do topo onde está o antigo Cruzeiro, lugar que por si só tem um visual indescritível do Vale da Fartura. Em dias  claros, enxerga-se a Pedra do Baú, na Serra da Mantiqueira, e de noite as luzes de São José dos Campos O Cruzeiro esta ali abençoando as antigas histórias e lendas. Em contraste ali estão várias antenas de comunicação. por onde passam hoje as  histórias e lendas do mundo todo.

Um pouco do Corpo Seco para o seu “Dia das Bruxas”

Com o dia das bruxas chegando saboreie aqui uma das memórias do José Déia sobre o ilustre Corpo Seco de Paraibuna.
Assista também Phil Zr e sua música autoral sobre o Corpo Seco e uma animação sobre o bicho ruim. Quer ver mais um pouco do José Déia? Pesquise pelo nome no site www.chaocaipira.org.br

Corpo Seco

Morava na Rua da Bica, nos anos quarenta do século passado, um cabeleireiro, na época era chamado de barbeiro, com o nome de Seu Elpídio, especialista em cortar cabelo de garotos. Era famoso por contar histórias enquanto cortava os cabelos, por esse motivo era o preferido da criançada. Entre as histórias, a mais pedida era do Corpo-Seco. Segundo ele, no passado, chegaram ao município muitas famílias, com direito a glebas imensas de terras para serem exploradas e cultivadas, famílias que se tornaram importantíssimas, como a Família Camargo, Calazans, a do Coronel Martins, Coronel Marcelino, Barreto e muitas outras.

Entre os colonizadores, alguns fazendeiros ficaram famosos pelos maus tratos e castigos severos para com os escravos. Aqueles que tentavam fugir da fazenda ficavam marcados com o corte de membros do corpo, como um dedo da mão ou do pé. Alguns eram até amarrados com uma pedra no pescoço e jogados no lago para morrerem afogados. Por essas e outras, alguns fazendeiros eram tão ruins que não morriam, viravam corpo-seco.

Os garotos, quando iam cortar cabelo, tinham como a primeira pergunta uma curiosidade: “É verdade que o senhor já cortou cabelo de corpo-seco?” É, sim, respondia seu Elpídio, já cortei e muito. E continuava. Tem uma fazenda, não muito longe, que o fazendeiro era tão mau que não morreu, secou, virou corpo-seco. Já com mais de cem anos, estava cada vez mais seco e não morria. Eu cortei as unhas e o cabelo dele por muito tempo. Ele ficava num ranchinho no fundo da fazenda e um escravo tomava conta dele. Como o escravo já estava bem acabado, idoso, sem condições de continuar tomando conta do fenômeno, e o corpo já estava muito seco e já não comia e nem bebia mais, sem saber o que fazer, resolveram levá-lo para o ponto mais alto de um morro, que ficou conhecido como “Morro do Corpo-Seco”. Lá ficou, segundo a lenda, até hoje.

No local teria crescido um espinhal e ninguém mais poderia chegar lá. O Morro do Corpo-Seco tinha uma mata bem fechada e com muitos pés de brejaúva, que produziam um cacho grande de um fruto da família do coco, muito usado para fazer pião sonoro, uma “coqueluche” da garotada. Os mais ousados fugiam de suas casas para colherem os cachos da fruta, num local até certo ponto muito perigoso. As mães, preocupadas, alertavam seus filhos: Cuidado, aquele é o Morro do Corpo-Seco, ele vai pegar você!

Isso foi até l946 ou 1947, um ano que chovia muito e aconteceu uma grande enchente no Rio Paraibuna, provocando um deslizamento de terra e uma boa parte da mata desapareceu. Mais tarde, já na década de setenta, com o término da construção das barragens do Rio Paraibuna e Paraitinga, o trajeto da Rodovia dos Tamoios foi mudado e o morro foi totalmente cortado, sobrando muito pouco da mata, e a lenda quase que acabou. O Morro do Corpo-Seco também já foi chamado Morro Trincado e hoje é conhecido como Morro da Televisão.

José Déia

Memórias de Parahybuna – José Deia

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“Memórias de Parahybuna – José Deia – Outras Memórias” é o quarto volume da série Cadernos Culturais editada pelo Instituto Chão Caipira “Malvina Borges de Faria”. Ele traz lembranças da nossa história e da vida de José Deia, com uma análise crítica de todos os prefeitos da cidade de Paraibuna.

Pode ser adquirido com o autor no Bazar do Deia.