Monthly Archives: maio 2012

Lavrinhas

Bisteca afogada
Bisteca de porco é quase unanimidade na região. Mas prepará-la como antigamente é coisa difícil de se encontrar. A Néia do Paulo, do balneário Rancho Zé João, tem essa manha, que passou pra suas cozinheiras. Ela simplesmente tempera a carne com sal e alho e frita em pouco óleo. Deixa fritar um pouco dos dois lados e vai respingando água aos poucos. Assim, a carne cozinha e frita ao mesmo tempo, ficando macia. Isso é só pra quem segue o rito de se preparar um bom prato.
Rancho do Zé João
Estrada Capela do Jacu. Tel (12) 3146-1357
Ovão verdinho
O ovo é um alimento que não falta em lugar nenhum. No Quiosque da Dora, vem em forma de omelete, mas com 15 tipos de legumes e enrolado, enchendo o prato que serve duas pessoas tranquilamente. É o Omelete Recheado da Dora.
Quiosque da Dora
Rua Manoel Machado, 579
Tel. (12) 3146-1464

Iça, Histórias e Ferradura

Em Lagoinha, conheci o ex-prefeito que come iça. O Sr. Galvão, e o que é mais engraçado é que ele congela as tanajuras para comer o ano inteiro. Ele até me deu um pouco para trazer pra casa. E assim que cheguei, fui logo preparar minha formiguinha. Alguém ta servido?

Depois de prosear com o Sr. Galvão, fui atrás do Seu Darcino, um tropeiro veio que ha muito tempo trabalhou na Fazenda Santana em Cunha. Fiquei um tempão ouvindo seus causos e histórias. E a mais engraçada é a da Dona que tinha bigode. Foram tantas histórias que até me esqueci da hora.

Me despedi do seu Darcino e fui rumo a Cunha. Mas a hora que estava saindo, presenciei uma cena pouco comum. Enquanto o senhorzinho segurava o pé do cavalo, a moça batia os cravos. Isso que é trabalho em equipe.

 
Bem, deixa me ir porque ainda vou pra Cunha. Até já

Capelas e sabor japonês


Passando por Arujá para fazer umas pesquisas, contei com a ajuda do também pesquisador Afrânio Barreto, que sabe tudo de Arujá. E ele me contou que no meio dos modernos prédios, casas e avenidas ainda permanecem histórias esquecidas ou pouco lembradas. Como no caso das capelas e igrejas. Que foram construídas pelas mãos dos escravos à muitos anos atrás. Mas que ainda guardam suas arquiteturas e histórias antigas.

E como nesse país tudo é rural eu descobri que no meio daquela cidade grande e moderna, ainda permanece tradições antigas, como a do celeiro Pedro Almeida que é artesão do couro, faz selas australianas artesanalmente e concerta qualquer tipo de arreio.

E depois de um dia de descobrimentos, vamos comer né. Porque ninguém é de ferro, e aproveitando que eu estava na cidade grande porque não experimentar um prato pouco comum no interior. Fui jantar num restaurante japonês e comer com rachi. Ou melhor, tentar comer com o rachi, porque não é nada fácil. E antes que eu me atrapalhasse toda com aqueles palitinhos, peguei logo o garfo e a faca e mandei ver um pratão de yakissoba.

Antes
Depois…

Lagoinha


O porco da D. Lia
Chegando na cidade, é só perguntar pela D. Lia. Seu pequeno restaurante está sempre cheio de passantes em busca de suas delícias caseiras. Dois pratos chamam a atenção: a batatinha frita em rodelas e a carne de porco na banha. D. Lia começou num casarão, no centro da cidade, onde ficou oito anos. Há 16 anos serve a mesma qualidade no atual restaurante, que funciona somente no almoço. A carne de porco é preparada em fogão a lenha, com a receita antiga.
Rua Major Soares, 198. Tel. (12) 3647-0236



Requeijão de Prato
Lagoinha é o município maior produtor de leite da região do Vale do Paraíba. Por isso mesmo é grande na cidade o uso do leite pra doces variados, queijos e o famoso requeijão de prato. Você encontra essa delícia nas padarias e bares locais, pois são produzidos em sítios da região.

pinheiro, pinha, pinhão..

Festival do Pinhão em Cunha e eu, claro, fui dar uma bisbilhotada. Pra começar, eu não imaginava o tanto de coisas gostosas que da para fazer com o pinhão. É doces, salgados, massas, bolos, pratos chiques, simples… Mas todas muito saborosas e nutritivas. Pois era de pinhão que passavam os viajantes e tropeiros do século passado. 
É, o pinhão já alimentou e alimenta muita gente até hoje. O que antes era uma necessidade, hoje é festival. Com direito a degustação dos pratos e tudo. E eu que não sou boba, fiz questão de ir até o Parque Estadual da Serra do Mar (núcleo de Cunha), onde acontece essa degustação toda, para experimentar algumas delícias.  
Chegando lá percebi que só pelo visual já tinha valido a pena, pois tem em sua porta de entrada a cachoeira do parque, pena que estava frio. 



Guararema

Bolinhos da Roça
Um chef de cozinha e uma jornalista se uniram primeiro por amor. Depois, o que nasceu? O que ninguém esperava: o Roça Chic, criado por Rogério Machado e Ana Claudia, bem no centro da cidade. Depois de estudarem nas melhores escolas, acabaram voltando pro colo da mãe, isto é, a tradição caipira. Rogério cuidou de preparar o local e Ana foi buscar com a mãe Ana Calderaro e a avó Benedita Calderaro as receitas e as tradições de antigamente. Bolinhos, pasteis e deliciosos bolos atraem quem quer tomar um café diferente. Na mesa tem bolinho caipira, bolinho de inhame, bolinho de chuva, pastel de farinha e bolão de fubá com queijo.   Rua Cel. Ramalho, 54. Tel. (11) 7187-6441
Receita
Bolinho de Chuva
Ingredientes
1 ovo
1 colher (sopa) de manteiga
6 colheres (sopa) de açúcar cristal
1 colher (sopa) de fermento
2 dedos de leite (num copo)
1 pitada de sal
farinha de trigo
Como fazer: Bater o ovo, o açúcar, o sal e a manteiga até ficar cremoso. Adicionar a farinha de trigo e, aos poucos, ir mexendo. Tem que ficar em ponto firme para poder fazer as bolinhas com as mãos. Pode-se fritar na hora ou congelar. Fritar em gordura quente.
Receita
Bolinho Caipira
Ingredientes
1 kg de farinha de milho amarela
1 kg de linguiça de porco
1 xícara (chá) de farinha de mandioca
1 litro de água fervente
3 dentes de alho amassado
1 xícara (chá) de óleo
1 colher de sal
salsinha e cebolinha picada 
Como fazer: Ferver a linguiça e soltar a carne. Refogue com o alho, óleo, sal e cheiro verde. Misturar tudo com a farinha de milho. Vá colocando a água fervente aos poucos e mexendo até cozinhar e ficar em ponto de enrolar com a mão. Faça os bolinhos pequenos e frite em óleo quente, que deve cobrir todo o bolinho.
A Rabada do Engenho
Este ano tem festa no Engenho do Salto. É que o local vai comemorar 100 anos de atividades rurais. Começou com seu Brasílio Ferreira, tirando leite e produzindo a cachaça “Parahyba”.  Sua filha casou-se com Sidney Panegasse e continuam tocando o engenho agora conhecido como “Cachaça 77”.  Depois de muitos pedidos dos apreciadores da boa caninha, criaram um bar para servir porções. Foi um passo para nascer o Restaurante do Engenho, onde delícias da comida caipira são servidas no fogão a lenha todos os sábados e domingos. Destaques para o frango caipira, polenta, costela no bafo e a tradicional rabada com polenta.  Rod. Dutra/Mogi, km 77 + 1,5 km.
Tel. (11) 4693-1156
A Rabada do Engenho
Receita
Rabada
Ingredientes
1 rabo de boi
sal com alho
200g de bacon
200g de linguiça calabresa desmanchada
cheiro verde
folhas de louro
água
Como fazer: Cortar o rabo de boi em pedaços e limpar bem. Escaldar com água fervente. Numa panela grande frite o bacon, a linguiça e sal com alho e cheiro verde. Adicione os pedaços da rabada e coloque o molho de tomate e folhas de louro. Coloque água até cobrir, acerte o sal e deixe cozinhar em fogo baixo por três horas. No fogão a lenha fica melhor. Quando amolecer,  sirva quente.

Cunha

 Doces Campestre
Na beira do Rio Paraitinga, o casal Domingos e Clélia faz a alegria dos apreciadores de um bom doce típico. Há 25 anos eles preparam com o mesmo esmero cerca de 15 doces de frutas, tudo em tacho de cobre e fogão a lenha. Saem do tacho em calda ou em barras. Destaques para doce de leite, abóbora com coco, figo, goiabada, casca de laranja azeda e o raro doce de cidra.
Rod. Guará-Paraty, km 32
Tel. (12) 3119-6132
 Receita
Carne seca com quibebe
Limpe e corte a carne seca em cubos e cozinhe até amolecer. Desfie tudo e frite com azeite, alho e sal, cebolinha verde e reserve.
Faça uma farofa, usando 1/2 xícara (chá) de azeite, 2 colheres (sopa) de manteiga, para fritar azeitona picadinha, cebola picadinha, alho com sal e cenoura ralada. Adicione farinha de milho sem macerar.
Faça o quibebe de abóbora madura, temperando a gosto e deixando cozinhar até desmanchar.
A couve é refogada normal. O arroz carreteiro é com linguiça, bacon, cebola, pimentão picadinho e cenoura ralada. Sirva no mesmo prato em separado.
Sabores do Quebra
O mineiro Wilmar é engenheiro, mas há 15 anos resolveu parar sua tropa em Cunha, criando o charmoso Restaurante Quebra Cangalha. Primeiro na zona rural, por três anos, e agora no centro da cidade. Durante este tempo desenvolveu com sua mulher, Vera Sorgiacomo, pratos com características regionais apresentados com novo visual. Assim, nasceram delícias com carne seca, mandioca, leitão, linguiça e outros ingredientes regionais. Serve ainda outros pratos como truta, carnes bovina e suína, shitake, massas e saladas.
Rua Manoel Prudente de Toledo, 540.
Tel. (12) 3111-2391

Mazzaropi, panceta e nhoque.

Todo ano em Quiririm acontece a Festa da Colônia Italiana e esse ano eu não pude deixar de prestigiar. Para entender melhor o motivo dessa festança toda, fui conversar com um especialista nesse assunto, o Sr. José Indiani, conhecido por Seu Zé I. Descendente legítimo de italianos, Zé I me contou que a maioria dos moradores da vila de Quiririm são filhos, netos e bisnetos de Italianos que vieram para o Brasil, no final do século XIX, em busca de melhoria de vida. Mas no começo sofreram muito.

E depois de ouvir essa curiosa história fui prestigiar a festa, assistindo ao desfile  e conhecer um pouco da cultura Italiana.
 Logo de cara encontrei uma figura engraçada, o Philaderpho e o inseparável caminhãozinho Anastácio, que até dirigi um pouco. Diz ele que foi um presente de seu primo, Mazzaropi. Anastácio já participou dos filmes “Sai da Frente” e “Nadando em Dinheiro” na década de 50.

E a fome já estava apertando, fui atrás das delícias Italianas, Um batalhão de italianos vão pro fogão preparar os pratos típicos que por sinal não eram poucos. Mas no meio de lasanhas, nhoques e espaguetes encontrei uma gordurinha diferente, feito de toucinho (barriga de porco), e é lógico que experimentei um pedacinho só, da curiosa Panceta pra depois saborear um delicioso nhoque. ..


  Regina, João Rural, Chef Angelita e Chef Fazzio.
Cumê Divagarinho em São Paulo
No final de abril estivemos em São Paulo, no Restaurante Garimpos do Interior, da minha amiga chef Angelita. Lá apresentamos nosso Movimento Cume Divagarinho aos seus clientes e também autografamos nosso livro “ Causos e Sabores das Nascentes”
Foi muito bom encontrar os velhos amigos e criar novas amizades interessadas na nossa cultura. Aos poucos estaremos em outros locais apresentando o proejto. Fomos destaque na imprensa local, inclusive numa citação da Vejinha São Paulo.

Longuinho e naureza em Guararema

Desta vez estou em Guararema, cidadezinha famosa por vários atrativos. Um deles é a famosa plantação de orquídeas, calcula-se que a cidade tem cerca de 80 produtores de flores e eles dizem que o clima na cidade é o melhor, pois tem a umidade necessária para o crescimento das flores.
 
E passando pela cidade não pude deixar de reparar no deck que tem à beira do Rio Paraíba, conhecido como o Recanto do Américo. Onde foram construídas pontes suspensas que interliga as ilhas do rio, um lugar tranqüilo para apreciar as águas do Paraíba e os peixes que vem a flor d’água para se alimentar. E é ali no deck onde esta localizada a centenária Pau D’alho uma enorme árvore que exala cheiro de alho.
 

Outro atrativo interessante é o Parque da Pedra Montada, pois é nele que esta as pedras montadas. Uma verdadeira obra de arte da natureza. Dizem que a natureza não faz milagres, faz revelações
.
Mas se você for dar uma voltinha em Guararema, não deixe de ir visitar São Longuinho, na Igreja da Freguesia da Escada e aproveite para pedir pessoalmente ao Santo aquela causa perdida. Ou agradecer, dando pulinhos.
“São Longuinho São Longuinho se o senhor me ajudar te dou três pulinhos.”


Até a próxima…