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O dialeto caipira

Esta matéria foi escrita por João Rural Nascentes Julho Dialeto Caipira
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Todos os municípios que fazem parte da região das Nascentes do Paraíba são, atualmente, um dos maiores redutos da cultura caipira do Estado de São Paulo. A localização geográfica e formação histórica favoreceram à sua gente a preservação de hábitos do tempo do Brasil colônia. Nessa região ainda se observa, por exemplo, a influência da língua “nheengatu”, na fala das pessoas. Palavras, frases ou jeito de falar que, à primeira vista, podem parecer apenas “o modo de falar errado dos caipiras”, representam, na verdade, uma riqueza cultural cujo valor para ser compreendido requer uma volta ao passado. A língua “nheengatu” foi desenvolvida pelos jesuítas que utilizaram como base para isso a língua Tupi, talvez por ter sido a primeira com que tiveram contato no Brasil. O “nheengatu” seria o Tupi, com o acréscimo de palavras espanholas e portuguesas, regulado pela gramática da língua portuguesa. Com o objetivo de unificar linguisticamente as tribos, os jesuítas difundiram o “nheengatu” por todo o Brasil em seu trabalho missionário. Até que, no século XVIII, o rei de Portugal determinou que o Português fosse a língua oficial do Brasil. O que foi feito, principalmente nas cidades costeiras e portuárias que, mais tarde, receberiam a influência linguística africana, introduzida pelos escravos. Assim, o “nheengatu” e outros dialetos só puderam sobreviver escondidos no interior do Brasil, protegidos pela distância da repressão linguística. Com o tempo, essas sutilezas históricas da construção da língua foram esquecidas e o dialeto caipira, interação entre o português e o “nheengatu”, foi generalizado, de forma preconceituosa, como o “falar errado” dos caipiras. No final do século XX, contudo, a cultura caipira começou a ser prestigiada e a situação mudou. Foi-se retomando, sem medo ou vergonha de ser feliz, o prazer da boa vida no campo, com tudo a que se tem direito. Inclusive a liberdade de falar caipira sim senhor.

João Rural

João Rural

Primeiro jornal foi aqui

Esta matéria foi escrita por João Rural na Revista Nascentes nº 01 Outubro de 2000- Parte II

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Foi em 18 de setembro de 1904, que surgiu o primeiro jornal local chamava-se “O Parahybunense” e foi editado por Francisco Luiz Campos, o “Seu Chico”, como era mais conhecido. Homem versátil e de fina postura, veio para Paraibuna e se instalou na Rua de Baixo, com uma casa comercial. Começou com teatro fundando o “Grupo Dramático”.  Fazia apresentações no mercado e antes dos espetáculos os artistas desfilavam pelas ruas da cidade, chamando assistentes que tinham que levar suas cadeiras, pois o “Teatro” não as tinha.

Logo resolveu inovar na arte e procurou comprar uma moderníssima máquina impressora. Trouxe desmontada em lombo de burro a partir de Caraguatatuba, para onde veio de navio da Europa, montou o jornal no largo do Mercado, numa casa que ficava onde atualmente é o fundos da Fundação Cultural.

O lançamento da primeira edição foi uma festa. Emprestou bandejas de prata dos ricos fazendeiros para distribuir a primeira edição de graça.

 

Paraibunense

O jornal que tinha quatro páginas era impresso durante a semana. Isso porque ele tinha poucos “Chumbos”, que eram as letras para montar os textos. Fazia uma página imprimia uma a uma e depois desmontava tudo para fazer a outra página. Conta-se que a preocupação de todos era saber com antecedência o que já estava impresso, mas era difícil, pois Seu Chico guardava a sete chaves. No sábado de manhã, alem do movimento normal do Largo do Mercado, o movimento aumentava em frente ao prédio do jornal “fresquinho”.

Em 1909 “Seu Chico” lança o “Almanach de Parahybuna”, com informações da cidade.

Infelizmente, descontente com a política local. Seu Chico encerra sua carreira e fecha o jornal em 1910 indo morar em Salesópolis, deixando as máquinas para a Prefeitura Municipal que em 1911 começa outro jornal com o nome de “O Parahybuna”.

Devoção a N. Senhora dos Remédios

Esta matéria foi escrita por José Déia na Revista Nascentes nº12 de Setembro de 2001.

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1912- Há sessenta anos atrás, foi quando pela primeira vez visitei a igreja de N. S. dos Remédios, naquela época já era comum pedir socorro a Nossa Senhora, principalmente em caso de doenças, prometendo uma caminhada a pé até a sua igreja.

Os meses de julho e agosto são tradicionalmente secos com as chuvas começando a cair após o dia 8 de setembro, dia de Nossa Senhora. Quando isso não acontecia os fiéis ficavam preocupados, pois a primeira chuva seria fatalmente uma tempestade. Isso aconteceu recentemente em 29 de setembro de 1993, quando um vendaval destruiu o Centro Comunitário da cidade.

O caminho preferido era pelo Bairro da Fartura Rancho Alegre onde a maioria dos devotos ficava na beira da estrada, aguardando companhia, formando pequenas romarias.

nsenhora

Moradores da Rua da Bica faziam promessa e subiam o morro, tornando-se um pretexto para ir à festa todos os anos. Era muito bonito o visual da subida do morro dos remédios. É muito alto e um percurso longo, dando para contemplar dezenas de grupos de pessoas que subiam em ziguezague.

Naquele tempo, até mesmo a banda entrava nessa. Era transportada no caminhão do Seu Idazil Peixoto, até o bairro do Porto. O caminhão atravessava o Rio Fartura e deixava a música no terreiro de uma casa de fazenda, onde residia uma senhora D. Norberta Soares. Dali pra frente, instrumentos no ombro e pé na estrada até lá em cima.

 

No caminho de Nossa Senhora dos Remédios

Esta matéria foi escrita por João Rural na Revista Nascentes nº12 de Setembro de 2001. 

Leia e se delicie, e se for fazer o caminho até a Capela de Nossa senhora do Remédio você pode conferir o que ainda esta lá, e o que o tempo já levou, assim como o João Rural.

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O Caminho de Nossa Senhora do Remédio começa na Vila de Fátima, seguindo em direção a Fazenda Laranjeiras. Com apenas 1km, entra-se a esquerda, subindo um morro de pelo menos 2km. Quase no final, à direita, mora uma das filhas do Seu Aristides, que ainda faz a famosa farinha de mandioca.
Virando o morro no Km 4,5, chega-se no cruzamento com a estrada que vai pro Porto. Segue-se por ela, passando pelo Alambique do Jotinha. No km 10, chega-se ao cruzamento da Fazenda do Porto. Seguindo a estradinha no km 10,5 , está uma Santa Cruz. Aqui histórias verdadeiras se misturam com lendas. Dizem os antigos que neste local havia um cemitério de negros mortos nas fazendas da região, por isso a Santa Cruz. Há alguns anos, quando os novos proprietários foram arar terra no local, encontraram realmente várias ossadas. Resolveram parar tudo, colocar terra por cima e arrumar a Santa Cruz, em memória desses mortos do passado.

Mirante do Remédio

Mirante do Remédio

Seguindo no km 13, chega-se à Fazenda dos Silvinos , onde encontramos o Seu Vicente Lobato descarregando leite de sua tropa. No km 14, chega-se ao Sitio Velho, onde uma cachoeira é atração. À beira da estrada pode-se entrar e refrescar um pouco da viagem.

Seguindo, passamos pela Fazenda Pau D’Alho(parte antiga). No km 15, chega –se à casa do Seu Luiz Gomes Vieira, um mineiro sorridente, com 78 anos de idade e aina trabalhando na lida. Seu Luiz conta que chegou ao lugar em 1932, trazido para trabalhar numa lavoura de algodão do produtor Vitor Ardito que era de Pindamonhangaba. Conta que quem tomava conta desta fazenda na época era Seu Manoel Carvalho, que era dono da chácara do Bairro do Caracol.

Seu Luiz Lembra Muito bem das antigas festas do lugar. Na noite de 7 de setembro, o vale se enchia dos sons dos atabaques dos negros jongueiros que viravam a noite em volta da fogueira.

Seguindo, no km 16, passamos pelo local que era a sede da antiga Fazenda Pau D’Alho original. Local de muitas histórias estranhas, protagonizadas pelo seu antigo proprietário, o Major Soares.

Os restos da antiga fazenda, com paredes de taipa e pau-a-pique, ainda estão de pé. Seu atual proprietário Pedro Fonseca, de Salesópolis, está reformando a casa, que pretende conservar.

Estrada acima, pois a subida mais forte começa aqui. No km 17, passamos pela casa do Seu Vicente Lobato, onde vive com a família, faz pequenas lavouras e cria gado de leite. Sob um cocho de sal para o gado, guarda duas pedras do antigo moinho da Fazenda Pau D’Alho.

Voltamos à estrada, porque daqui pra frente a subida é das mais puxadas. Até o topo da Serra do Remédio são apenas mais 2 km, mas sobe-se de 800 metros de altitude, parar 1.100 no local da igrejinha. Até o Cruzeiro a altitude chega a 1.197 metros, sendo uma das maiores do município.

No km 18 , depois de pelo menos três horas de caminhada a parada é na casa do Seu Antonio Lobato, onde pode-se tomar uma água, descansar um pouco e rezar na capela do seu quintal. Ele diz que esta capela também é antiga, com uma cruz e objetos todos de madeira . Seu Antonio é um dos que tem muitas histórias do local, escutadas dos antigos, principalmente de “Tia Joana”, como eles chamavam a D. Joana Parente, uma negra, descendente de escravos que morava ali.

Seu Antonio ainda guarda como lembrança o antigo pilão de D. Joana. Feito de peroba, gasto pelo uso , deve ter mais de cem anos. Como autentico homem da roça, Antonio diz que nunca tomou remédio de farmácia. Está com diabetes, mas usa somente as plantas Pata de Vaca e até Insulina, que tem plantada no seu quintal.

Altar Nossa Senhora dos Remédios

        Altar Nossa Senhora dos Remédios

Morro acima, e mais 1km chega-se finalmente à Capela do Remédio. Mais 500 metros a conquista do topo onde está o antigo Cruzeiro, lugar que por si só tem um visual indescritível do Vale da Fartura. Em dias  claros, enxerga-se a Pedra do Baú, na Serra da Mantiqueira, e de noite as luzes de São José dos Campos O Cruzeiro esta ali abençoando as antigas histórias e lendas. Em contraste ali estão várias antenas de comunicação. por onde passam hoje as  histórias e lendas do mundo todo.