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Palco da história e do romantismo

Esta matéria foi escrita por João Rural na Revista Nascentes nº 1 Outubro de 2000

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A Praça da Matriz e a famosa Rua do Meio foram cenários importantes da história da cidade. Desde as tradicionais festas religiosas, passando pelo romantismo dos primeiros namoros, até os movimentos políticos.

Surgiu com os casebres de pau-a-pique, transformou-se com o ciclo do café, com a construção dos casarões e modernizou-se no final do século, com a construção do calçadão, que dinamizou a região. A pracinha para a felicidade dos saudosistas foi totalmente reconstruída, como a que existia no começo do século. Duas iniciativas dos prefeitos Zélio Machado e Luiz Gonzaga, que com certeza ficarão para a história da cidade.

Um dos paraibunenses que viveu bastante esta região da cidade foi Benedicto Siqueira e Silva, o Seu Siqueira. Era farmacêutico, professor e Mestre Capela. Por isso tinha o costume de admirar a cidade do alto da torre da igreja Matriz, quando ia tocar o sino, uma para cada ocasião, e diversos poemas e desenhos, incluindo este que publicamos.

Velha Torre

Naquela torra de mel a partida

Que o vento varre e o temporal escava

Eu subia numa veloz corrida

Pela manhã que apenas despontava

 

Como era linda a terra adormecida

E a gente, que desperta, caminhava

Entre farrapos de névoa envolvida

Para as preces do dia que raiava

 

Quando eu subia, ao despontar do dia

Tocar os sinos na manha nascente

Um pensamento sempre me afligia

 

De não poder subir como eu subia

Na velha torre e ver a mesma gente

Para sentir aquilo que eu sentia

Vista da Torre da matriz inicio da década de 70

Vista da Torre da matriz inicio da década de 70

Quirera !?? Só pra animais…

Esta matéria foi escrita por João Rural na Revista Nascentes nº 15 Dezembro de 2001 parte III

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Em setembro, quando estive em São Paulo, divulgando o eu livro, um grupo de amigos me chamou para fazer uma deliciosa quirera.

Ai fui até um grande supermercado comprar os ingredientes básicos: quirera de milho, costelinha de porco, tomates e cheiro verde. Cheguei ao supermercado e fui direto ao setor de farináceos. Uma prateleira imensa, onde tinha tudo em forma de fubás, farinhas, grão, etc., mas a danada da quirera nem cheiro.

-Será que vende tanto assim, pensei comigo. Ao lado uma mocinha bem arrumada e ajeitada fazia a promoção dos produtos e viu minha situação. Com sua voz aveludada de paulistana me abordou, provocando um dialogo hilariante.

– Procurando alguma coisa, meu senhor? Posso ajudá-lo?

– Pode sim. Eu queira comprar quirera, mas não estou encontrando aqui.

– Quirela? O que é isso?

-Não minha filha. QUI-Re-RA, soletrei bem compassado. Explicando melhor, é um milho quebrado bem pequenininho, pra fazer comida.

-Ah? Quirera é isso. Pra fazer comida pra animais? Então é no setor de animais.

– E onde fica?

– É no nono corredor. Venha que eu te mostro. Chegando ao tal lugar. Uma profusão de produtos para todo tipo de bichos.

-Olha, aqui tem milho pra passarinho ,dessa mais fina. Essa média é para aves maiores e essa maior é pra cozinhar pra cachorros.

-É essa mesma que eu quero. Só que é pra gente comer e não animais.

– Mas, meu senhor, esse é um produto para animais, veja os rótulos das embalagens. Como o senhor vai comer isso?

-Olha aqui, minha filha, a gente faz um prato caipira deliciosa com isso. É só juntar umas costelinhas, que vou comprar ali no açougue, tempero, cheiro verde uns tomates e está pronto.

Nesse meio tempo, como todo paulistano gosta duma rodinha, umas cinco pessoas que estavam do lado, já ouviam a conversa interessados entraram no papo. Uma senhora de mais idade arriscou uma pergunta.

– Escuta moço, como é mesmo que se come isso?

Os outros se juntaram e eu expliquei tudo, novamente, com a mocinha do supermercado olhando, meio curiosa e espantada.

Um senhor mais refinado arriscou outra pergunta.

-Onde o senhor aprendeu isso?

Respondi rapidamente quem eu era, que tinha um livro editado sobre comidas típicas, etc. abri a bolsa e lasquei meu comercial.

Em poucos minutos vendi 5 livros, com a receita da quirerinha, para o “bicho homem”. Me despedi da mocinha e agradeci, deixando um lembrete preocupante.

-Acho que você deveria conversar com o gerente para colocar quirera no setor de alimentos.

quirera

Quirera

Santinha Aparecida Ronaldo Santos/Isnard Teles

Vem de longe uma lembrança

Muita clara a luz do dia apontou

To aqui igual a muitos a procura da tua paz

Vem de longe uma estradinha

Que corta caminhos e me leva a ti

Que por tantas vezes fez, que por tanta vezes faz.

O Senhora Aparecida mãe de Deus

Orai por nós

Os excluídos, os sem vinho, os sem pão.

O Santinha Aparecida mãe de Deus

Orai por nós

Os excluídos, os sem vinho, os sem pão.

Chega a hora da partida

Pego a minha couraço o meu jipão

As durezas dessa vida

Despedida desse chão

Chega a hora de ir embora, pela estrada levo a fé levo a esperança

E a certeza do futuro ter o vinho e ter o pão.

A lenda sobre D. Pedro I em Paraibuna

Esta matéria foi escrita por João Rural na Revista Nascentes nº 12 Setembro de 2000

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Muitas lendas existem sobre a presença de D. Pedro I em Paraibuna, assim como em muitas outras cidades. Contam alguns que D. Pedro encontrava-se com a Marquesa de Santos no prédio onde é a Câmara Municipal da cidade. Mas isso tudo é apenas lenda. Por outro lado Paraibuna tem uma história interessante com a própria Marquesa de Santos, que foi a amante de D. Pedro entre 1822 e 1829. Mas isso 40 anos depois da Proclamação da Independência, quando D. Pedro I já tinha morrido. Pode ter vindo das lendas. A D. Domitila de Castro e Melo, a Marquesa de Santos casou-se com Major Rafael Tobias Aguiar em 1833 que acabou tendo ligações com Paraibuna. Veio morar na cidade e chegou a ser presidente da Câmara Municipal em 1834.

Depois da morte de Tobias (faleceu em 1857) em 1861 corre processo no Fórum local uma devolução de uma fazenda comprada provavelmente por Rafael Tobias. Existem documentos assinados pela Marquesa de Santos como uma procuração datada de 13 de junho de 1861 para resolver problemas de terras, produção, construções e escravos entre “seu finado marido o Excelentíssimo Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar” e o Major Antônio Joaquim Ortiz.

Acervo do museu Histórico e Pedagógico de Dom Pedro e Dona Leopoldina

Acervo do museu Histórico e Pedagógico de Dom Pedro e Dona Leopoldina