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PARAIBUNA: TERRA DE VADIOS

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Nossas desculpas aos leitores, e, principalmente, paraibunenses, com o título que demos pra esta reportagem. Isso realmente aconteceu em outros tempos da antiga Paraibuna, quando ela ainda engatinhava, como uma simples Vila.

O fato aconteceu por volta de 1773, quando o então D. Luiz Antônio de Souza, capitão-geral da Capitania de São Paulo, nomeou Manoel Antônio de Carvalho como o fundador e administrador da vila de Paraibuna. É que o documento que dava essa autorização, entre outras coisas, continha em certo trecho o seguinte: “… conforme Sua Majestade manda e que ordeno convoque para o d. o efeito todos os Forros, Vadios e Vagabundos de que tiver notícia [que] andam dispersos e não têm casa, nem domicílio certo, nem são úteis à República, e os obrigue a ir povoar as ditas terras da Paraibuna, estabelecendo nelas a referida povoação e elegendo sítio proporcionado para ela, fazendo guardar aos moradores todos os privilégios que Sua Majestade tem concedido…”.

É lógico que tal documento causou uma onda de protestos na pequena vila: que engatinhava; e ameaçados de verem o seu trabalho prejudicado com a invasão dos indesejáveis que o capitão-general pretendia para ali mandar, os moradores organizaram-se em comissões que, mesmo com a imensa dificuldade de transporte, procuraram várias vezes as autoridades desejosas de um entendimento, mas acabaram encontrando fechadas todas as portas. Só dois anos após, ante a insistência dos principais moradores da vila, entre eles, João Simões Tavares, Manoel Garcia Rosa, Manoel da Motta e José Pereira, o capitão-general resolveu revogar a ordem, concedendo cartas de sesmarias a várias pessoas da Iocalidade, dando-lhes o direito de comandar as terras onde hoje está localizada a cidade de Paraibuna.

  • Este texto foi originalmente publicado na edição 41 da Folha da Serra, de 1983. Todo o acervo do jornal e outras publicações do João Rural, bem como suas fotos e vídeos, estarão acessíveis em versão digital no site do Instituto Chão Caipira em breve.